Hoje estou morrendo ao cair da noite. Aos poucos sinto meu corpo funcionando num passo cada vez mais lento. Devagar, minha mente desacelera para depois, com a libertação de meu espírito, parar.
Mas eu não desejo a morte hoje. A morte, nesse momento, seria uma interrupção de meus novos planos.
Enquanto sinto meu sangue fluir gradativamente mais lento e mais frio através de meu corpo penso em quantas coisas deixaria por acabar. Não quero deixar tudo isso pela metade. Me abri para novas esperanças, novos inícios durante o dia e quero viver tudo que comecei.
É difícil de pensar em tanta coisa quando minha mente quer parar, mas estou usando minhas últimas reservas de força para justificar porque não deveria morrer agora.
Pensei em ajudar um amigo. Voltei a me interessar por arte. Resolvi fazer coisas que me dessem prazer. Ainda sinto um pouco de desconforto com relação a Escola. Quero viver algumas aventuras. Quero ter meu próprio negócio. Quero voltar a amar.
Mas pensar em minhas vontades não foi o suficiente para manter minh'alma dentro de meu corpo. Agora caminho atravessando os portais para um outro mundo. Um mundo que talvez seja até melhor que esse mas que eu não gostaria de conhecer agora.
Nesses últimos instantes antes de minha alma se separar do meu espírito sinto raiva, sinto frustração. Não consigo pensar em outra coisa a não ser as expectativas pelas coisas que poderia ser.
A morte agora seria muito inoportuna. Espero que as mortes tenham ao menos alguma elegância de saber a melhor hora para chegar.
Que Apolo brilhe sempre para iluminar o caminho de todos. Blessed Be.